12 de abr. de 2012

O Mundo Facebook

Algumas coisas me espantam no Facebook. Uma delas é a forma como as pessoas expõem sua intimidade. Você subiria num caixote na Avenida Paulista, ligaria um megafone e berraria seus sentimentos a quem quisesse ouvir? Coisas do tipo: “Ei, todo mundo aí. Saibam que me separei daquele mequetrefe. Espiem minhas fotos. Estou linda, feliz e muito bem acompanhada. E você, mequetrefe, principalmente você, saiba disso”.
Seria bizarro. No Facebook, porém, as pessoas fazem isso o tempo todo. Outro dia um rapaz postou as fotos da cerimônia de seu segundo casamento. Fiquei imaginando o que a ex-mulher dele (que faz parte da mesma rede de amigos) sentiria ao ver aquilo. Até onde sei, eles tiveram uma separação conturbada. O que essa moça sentiu ao abrir o Facebook no trabalho e dar de cara com as fotos da filha dela, vestida de dama de honra, ao lado da noiva? E o que ela teria sentido ao ler os tantos comentários dos amigos?

O Facebook nos obriga a ver tudo (mesmo que não estejamos preparados para isso) e a fingir que aceitamos tudo. Fico espantado com a forma como as pessoas revelam tanto de si. Contam tudo para outras pessoas que sequer viram pessoalmente alguma vez.
Caem na armadilha de imaginar que estão entre amigos. Parecem esquecer que a maioria das redes é formada por amigos dos amigos dos amigos. Faça um teste: para quantos daqueles 500 amigos você poderia ligar se estivesse em apuros? Quantos iriam encontrá-lo na Marginal Tietê em noite de chuva para ajudar a trocar um pneu?

Estou convencido de que somos obrigados a um tipo de exposição que pode fazer mal. Mas essa mesma exposição também pode nos fazer bem. Revelar inseguranças, medos, dividir momentos difíceis com pessoas conhecidas ou desconhecidas pode ajudar a aliviar o peso dos nossos problemas. Não sou o único a enxergar um caráter terapêutico no Facebook, no Twitter, no Orkut, nos blogs.

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